9 Dicas do escritor Stephen King que foram extremamente úteis na minha carreira, principalmente ao escrever meu primeiro livro.
A melhor maneira de progredir como escritor é ler exaustivamente e, claro, escrever. Eu, felizmente, comecei a minha “carreira de leitora” cedo, e sempre fui fã do Stephen King.
Claro que adoro muitos outros autores, mas se alguém perguntar quem é o melhor dos melhores (que clichê!) direi que, sem sombra de dúvidas, o melhor é o King.
Só que ler Stephen King não me garantiu apenas horas de entretenimento. Ele também me ensinou muito do que uso hoje na escrita (sem a pretensão de ser como ele, claro), principalmente depois que li “Sobre a escrita”, um verdadeiro manual para quem quer se tornar escritor; finda a leitura, fiquei ainda mais convencida do “método King”, e comecei a aplicar suas dicas.
Como já falei antes, claro que cada escritor acaba desenvolvendo suas próprias técnicas, mas uma ajudinha é sempre bem-vinda, certo? Então, trago para vocês o que aprendi com Stephen King.
1. Ler sempre, ler mais, ler e ler
No começo do post comentei sobre ler para se aprimorar como escritor. Pois bem, essa é uma dica de King que deveria até ser meio óbvia, mas vejo que, na prática, muita gente negligencia a leitura como forma de se melhorar como escritor. Na verdade, alguns escritores não acham que uma coisa tem a ver com a outra. Não pensem assim! Ler autores e estilos diferentes transforma completamente a experiência de escrever. Inicialmente, inclusive, é normal que escrevamos de forma parecida com algum autor que tenhamos lido muito. Não se preocupem, porque começamos assim e, com o tempo, evoluímos para nosso próprio estilo.
Colocando a mão na massa: pense em um autor que você goste bastante. Anote quais são as características da escrita dele que te agradam. Por que você gosta de ler esse autor? Depois, escreva à mão um trecho de um livro dele, prestando atenção na formação das palavras, na sequência, qual padrão ele usa para formar as frases. Reflita sobre como esse tipo de escrita poderia te auxiliar.
2. Você pode escrever sobre qualquer coisa
Qualquer coisa MESMO, acreditem! Stephen King nos prova que uma ideia simples pode se transformar em um livro, um conto e até uma série de histórias!
Vejam Buick 8, por exemplo. Ele teve essa ideia quando viu um carro parado em um posto de gasolina. Tudo bem que esse é um dos únicos livros dele que não me agradaram, mas ainda assim, qualquer inspiração do nosso dia a dia serve, desde que possamos dar asas à imaginação. Eu sempre começo a escrever com base em alguma inspiração minimalista, e quando vejo, aquilo cresceu absurdamente, até chegar ao ponto final.
Colocando a mão na massa: Imagine alguma coisa simples e crie uma história em torno disso. Pode ser uma chuva de fim de tarde, uma xícara em uma mesa, um menino correndo, uma flor única em um jardim, etc.
3. Não se preocupe com o fim, apenas comece
Eu fiquei muito tempo postergando o começo da escrita por não ter a história inteira na cabeça. Eu tinha ideias ótimas, mas não ia adiante, não sabia como terminar, e isso me aterrorizou mais do que deveria. Um pouco era falta de técnica própria, mas muito era a tal da página em branco.
Só que King nos encoraja a escrever, independente se não sabemos como vai terminar. E não é que funciona? Meu livro (que será publicado em agosto) não tinha final definido até a metade! Só que eu tinha uma ideia inicial, sentei e comecei a escrever, e as páginas foram se formando.
Colocando a mão na massa: Pense em uma situação e escreva sobre ela, não se preocupando se não sabe como vai terminar; simplesmente deixe a imaginação correr. Você pode usar a ideia do exercício anterior, desenvolva-a mais, vá mais a fundo.
4. Sem preguiça!
Nada de postergar ou só escrever quando estiver inspirado! A boa notícia é que você pode ser daqueles arrebatados por ideias que viram histórias completas. A má notícia é que, para quase todos os pobres mortais que se aventuram pelo mundo maravilhoso da escrita (meu caso), a inspiração vai faltar em algum – ou em muitos – momentos. Então, não espere que ela chegue, vá atrás dela.
Colocando a mão na massa: Pegue aquele texto que você começou há tempos e deixou parado (todos temos pelo menos uma meia dúzia desses). Proponha-se a terminá-lo com prazo determinado.
5. Torne a escrita uma rotina
Se você quer ser escritor, precisa realmente levar a sério. Se parar para escrever só quando tiver vontade, garanto que o processo criativo ficará prejudicado. Portanto, estabeleça uma meta diária e separe um tempo para essa finalidade: escrever, não importa o quê. Escreva todos os dias, mesmo naqueles em que você sentir que poderia fazer qualquer coisa, menos dedicar-se à escrita. É nesses momentos que o escritor tem que se forte, portanto, escreva, escreva e escreva! Comece de algum lugar!
Colocando a mão na massa: Comece a escrever uma história qualquer (pode usar a que começamos aqui, ou mesmo aquela que estava guardada há tempos). Trabalhe nela todos os dias (sem preguiça, mesmo que não saiba o final), por pelo menos, uma semana (no mínimo 30 minutos por dia). Não vale mudar de história, se sentir que não tem mais o que escrever, mude o rumo dela, acrescente personagens, crie uma situação de conflito, etc. Ao final desse prazo, você verá como foi produtivo e, quem sabe, quererá escrever mais e dar continuidade a essa trama.
6. Cuidado com advérbios
De tudo que King já escreveu, o que mais me deixou intrigada foi sua aversão a advérbios colocados em lugares desnecessários. E senti que ele estava certo quando revisei um livro que tinha advérbios em praticamente todos os cantos. Ficou pesado, repetitivo e estranho de ler. Depois disso, tentei me policiar. Claro que nem sempre conseguimos, mas aí entra nosso próximo tópico. Só que, antes disso…
Colocando a mão na massa: Pegue um dos textos que já escreveu até aqui (de preferência, aquela história do tópico anterior que, depois de uma semana, estará num bom tamanho). Grife todos os advérbios que encontrar e, depois, reflita se eles foram realmente necessários ou se podem ser excluídos. Faça as correções.
7. Tire o que não é necessário
Se aquela palavra, aquela frase, aquele parágrafo não forem realmente necessários, não os mantenha! Elimine tudo o que for prolixo, mesmo que seu livro ou conto fique menor do que o esperado. Lembre-se que tamanho não é documento (pelo menos nesse caso). Claro que, se você adota um estilo que faz bastante descrições detalhadas, por exemplo, elas podem permanecer, desde que sirvam para o leitor imaginar o mínimo, nada além disso. Se ficar cansativo, não se apegue – delete mesmo!
Colocando a mão na massa: Ainda trabalhando na nossa história (que começará a ficar linda), dedique um tempo para relê-la e pense se tudo o que escreveu merece ficar ali. Retire o que não for gostoso e interessante de ler.
8. Revisão sempre
Depois que terminar de escrever, aí vem a parte mais importante: revisar! É nela que o escritor terá uma visão ampla do que escreveu e poderá arrumar o que não soar interessante. Mas cuidado: uma hora você precisará parar e dar o texto como terminado, caso contrário ficará na revisão para sempre, porque nós temos a mania de nunca achar que está bom o suficiente.
Colocando a mão na massa: Depois de tirar o que não estava muito bom na sua história, faça uma outra revisão, dessa vez com visão mais ampla. Corrija erros de português, de concordância, leia em voz alta para ver se soa bem, apare as arestas.
9. Tenha leitores fiéis
Todo escritor precisa de leitores fiéis. Não digo aqueles que lerão quando a história for publicada e sim, o que chamamos de “leitores beta”: são pessoas de confiança que lerão seu manuscrito e te darão dicas importantes e valiosas para melhoria. Essas pessoas são a chave para que o escritor meça como seu livro será recebido e acerte os pontos a melhorar. O importante, nesse momento, é saber aceitar críticas construtivas.
Colocando a mão na massa: Peça para alguém ler a sua história (que pode ser apenas o começo de uma longa história) e te dar a impressão sincera do que achou.
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E aqui acabamos.
Espero que as dicas possam ajudar!
Quem conseguir fazer os exercícios, me conte como foi, ok?